Os Trapalhões foi um famoso grupo humorístico brasileiro composto por Dedé (Manfried Sant'Anna), Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes), Zacarias (Mauro Faccio Gonçalves) e o líder do grupo, Didi Mocó (Renato Aragão)[1]. O nome trapalhão é derivado do verbo atrapalhar, que significa o oposto de ajudar ou fazer alguma coisa da maneira errada. O nome trapalhão tornou-se tão famoso que acabou sendo usado, no Brasil, em títulos de vários filmes estrangeiros de comédia, na tentativa de atrair mais público. Isso ocorreu com alguns filmes de Jerry Lewis, Woody Allen e Peter Sellers.
O quarteto tinha um programa de televisão homônimo, criado por Wilton Franco, sendo um dos maiores fenômenos de popularidade e audiência no Brasil em toda a história, além de ter entrado para o Livro Guinness de Recordes Mundiais como o programa humorístico de maior duração da televisão, tendo trinta anos de exibição. O grupo também estrelou sua própria série de filmes de longa-metragem, todos com grandes bilheterias.
Didi (Renato Aragão): Um esperto cearense com linguajar e aparência bastante cômicos, e que poucas vezes terminava as cenas com má sorte ou como perdedor, tanto enfrentando inimigos como seus próprios três companheiros. Apesar de ser o líder do grupo, em certas cenas é considerado pelos seus três companheiros como o membro de menor importância. Era apelidado de "cardeal" ou "cabeça-chata", referindo-se à sua condição de retirante nordestino.
Dedé (Manfried Sant'Anna): Era o que agia com mais seriedade e considerado o cérebro do grupo, sendo uma espécie de "segundo no comando". Sua masculinidade era sempre ironizada por Didi, que criava apelidos como "divino".
Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes): Um bem-humorado carioca afro-brasileiro que tinha orgulho de dizer que era natural do Morro da Mangueira, uma comunidade do Rio de Janeiro. Possuía um linguajar bastante peculiar, sempre empregando o "is" no final de quase todas as palavras, criando assim os bordões "cacildis" e "forévis". Sua maior paixão é a cachaça, a qual ele chama de "mé" (ou "mel"). Devido ao fato de ser negro, era sempre alvo de piadas e apelidos, como ser chamado ironicamente de Maizena por Didi, ou mesmo "azulão" ou "cromado".
Zacarias (Mauro Faccio Gonçalves): Um tímido e baixinho mineiro com personalidade infantil e voz bastante fina, como a de uma criança. Por ser calvo, sempre usava uma peruca.
O principal elenco de coadjuvantes, devido aos vários anos nos quais participaram do programa, era: Carlos Kurt: um homem louro, às vezes barbudo, intimidador, alto e com olhos enormes, que frequentemente representava vilões, valentões e outros personagens inimigos dos Trapalhões. Era frequentemente apelidado por Didi como "bode louro" e "macarrão de hospital". Faleceu em 2003.
Roberto Guilherme: um homem obeso e calvo que, assim como Carlos Kurt, também se destacou no programa interpretando papéis antagonistas. Seu principal trabalho foi dar vida ao seu mais famoso personagem, o Sargento Pincel.
Dino Santana: irmão de Dedé Santana. Representava personagens anônimos e sem destaque, o que talvez torne difícil seu reconhecimento por parte do público. Foi coadjuvante não só no programa dos Trapalhões até o ano final (1993), mas também em alguns filmes do quarteto, como Os Trapalhões e o Mágico de Oróz, no qual representou o personagem Beato do deserto.
Ted Boy Marino: um lutador de luta-livre com um cabelo bem similar ao do personagem He-Man e sotaque espanhol.
Tião Macalé: um dos mais famosos coadjuvantes. Um homem negro com um sorriso sem-dentes, que quase sempre encerrava suas participações nas cenas com a frase "Nojento!", frase que o fez famoso no Brasil.
Estreou em 1966 na TV Excelsior de São Paulo com o nome Adoráveis Trapalhões. Reunia na sua fórmula quatro tipos: o galã Wanderley Cardoso, o diplomata Ivon Cury, o estourado Ted Boy Marino e o palhaço Renato Aragão, o "Didi Mocó", além de Manfried Sant'anna, o "Dedé Santana". Com a saída de alguns desses integrantes, e a entrada do sambista participante de Os Originais do Samba Antônio Carlos Bernardes Gomes, o "Mussum", e de Mauro Faccio Gonçalves, o "Zacarias", consolidou-se o grupo que iria mais tarde tornar-se um dos quadros mais famosos da TV brasileira.
Na TV Record, o programa foi chamado "Os Insociáveis", o que desagradava Renato Aragão. Ao passar para a TV Tupi, ele fez com que o nome de "Os Trapalhões" se fixasse como sendo o do grupo (também incluiu Zacarias, no lugar de Roberto Guilherme, que antes completava o quarteto como "Beto"). Ali, Os Trapalhões conseguiram maior audiência em seu horário do que o quase sempre líder de audiência Fantástico, na cidade de São Paulo. Mas a antiga emissora já apresentava muitas dificuldades financeiras, o que trouxe inúmeros problemas aos artistas. Finalmente, o programa foi para a Rede Globo em 1977, onde conseguiu um sucesso duradouro.
Em 1977, já na Rede Globo, tinham um programa que era apresentado aos domingos, às 19h, imediatamente antes do Fantástico (que começava às 20h), e tinham a formação de quatro integrantes permanentes, além de atores convidados. O programa também tinha outros atores fixos que não faziam parte do quarteto principal: o hilariante Tião Macalé (que imortalizou o bordão "Ih! Nojento!"), Jorge Lafond (que satirizava os homossexuais), Emil Rached (o gigante atrapalhado de 2,23m), Carlos Kurt (o "alemão" de olhos esbugalhados e sempre mal-humorado), Felipe Levy (frequentemente no papel de "chefe" ou "comandante"), Roberto Guilherme (o eterno "Sargento Pincel", quase o quinto trapalhão, uma vez que acompanhou o grupo em toda sua trajetória), Dino Santanna (irmão de Dedé Santanna), o anão Quinzinho entre muitos outros.
Em 1981, sob direção de Adriano Stuart e redação de Gilberto Garcia, Os Trapalhões já tinha um público notoriamente infantil e foi nessa época que o quarteto alcançou grande repercussão, principalmente depois dos sucessos que fizeram no Festival de Berlim. Tanto o público quanto os críticos passaram a ver os quatro integrantes do grupo como os principais representantes nacionais da comédia infanto-juvenil. No mesmo ano, o programa exibiu um especial de quinze anos que ficou quase oito horas no ar, com onze quadros e uma campanha em favor dos deficientes físicos.Em 1982, o programa ganhava a direção de Osvaldo Loureiro, o público passou a assistir a gravação de alguns quadros no Teatro Fênix (Rio de Janeiro). Em maio de 1983, o programa iniciou uma nova fase com Gracindo Júnior (direção) e Carlos Alberto de Nóbrega (redação). Além dos tradicionais esquetes isolados, as comédias teatrais bastante conhecidas foram adaptadas para o humor do programa. Shows eram gravados mensalmente com a participação do público. Passaram também a ser incluídas gravações externas.Ainda em 1983, foi exibida a campanha SOS Nordeste.
Sob direção de Paulo Araújo em 1984, o quarteto teve uma renovação na linguagem visual para dar uma maior unidade, com a base do cenário sendo branca, mudando a cor apenas dos elementos de cena. Passaram a ser usados pela primeira vez bordões pelo grupo (Acredite, mas não é; Dez, nota dez). Em 1985, os humoristas gravaram uma série de catorze episódios em Los Angeles. A partir de 1986, Com A Direção Geral de Walter Lacet,o programa começou a focar mais o público infantil, com quadros direcionados para essa faixa etária e uso dos efeitos especiais. Em agosto do mesmo ano, Carlos Manga passa a dirigir o programa, fazendo quadros mais curtos e interligados uns aos outros.
No dia 28 de dezembro de 1986, os Trapalhões comemoraram 20 anos de carreira com um programa especial dedicado à Campanha do Menor Carente, que marcava o início de uma série de campanhas que levaria ao ar pela TV Globo no decorrer do ano seguinte. Transmitido ao vivo do Teatro Fênix, 20 Anos Trapalhões – Criança Esperança foi ao ar às 11 da manhã e se estendeu por nove horas. Em cada um dos seus 28 blocos, fazia-se um balanço das doações da campanha e eram exibidas vinhetas sobre os direitos das crianças, entrevistas com convidados e documentários sobre experiências de apoio e recuperação de menores de rua. A partir de então, a TV Globo passou a exibir anualmente o especial Criança esperança. O Especial de 20 Anos Foi Dirigido por Victor Paranhos e Supervisionado Geralmente por Walter Lacet.
Em 1987, ocorreram novas mudanças: Maurício Tavares assumiu a direção e inseriu quadros inéditos, além de humorísticos musicais (com a presença de cantores convidados). Em 1988, Wilton Franco assumiu a direção do programa, que ganhou shows ao vivo com a participação do público e o público infantil passou a ganhar mais atenção, com brincadeiras, atrações e quadros voltados para esse público. O quarteto ainda se tornou parte integrante do elenco do extinto programa de rádio A Turma da Maré Mansa, transmitido pela Rádio Globo.
Em 1990, o humorístico estreou sem a presença de Zacarias, que falecera em 18 de março do mesmo ano. Renato Aragão afirmou que Zacarias não teria substituto e honrou o compromisso. Nessa nova fase a principal atração do programa foi o quadro "Trapa Hotel". No hotel cada trapalhão tinha uma função: Didi era o secretário-geral, Dedé era o secretário de esportes e lazer e Mussum era o segurança. Os outros empregados eram: Divino (Jorge Lafond), Sorriso (Tião Macalé) e o diretor Batatinha (Roberto Guilherme). A atriz mirim Duda Little tinha participação no quadro como filha adotiva e melhor amiga de Didi. No mesmo ano, fazia a sua estreia no programa o cantor Conrado, que era o galã do grupo e ficou por três anos e cinco meses no programa, além da sua atual mulher, a ex-Paquita Andréia Sorvetão.
Em 1991, o programa passa por outra reformulação: o rap tomou conta do grupo, que mostrava um bairro típico de qualquer cidade grande, onde aconteciam shows de cantores convidados e novos quadros, como a Oficina dos Picaretas e O Filho do Computador. Em julho, para celebrar os 25 anos dos Trapalhões, a TV Globo apresentou uma programação especial, com 25 horas de duração, durante a qual foram lançadas campanhas de conscientização sobre os direitos da criança, com arrecadação de donativos para as obras do Unicef. As comemorações tiveram início no sábado, dia 27, a partir de uma matéria do Jornal Nacional, seguida de flashes ao vivo do Teatro Fênix. No dia 28, a programação teve início às 7 horas com a missa celebrada ao vivo pelo cardeal D. Eugênio Salles e terminou no fim da noite, no Teatro Fênix, com a despedida e o agradecimento dos Trapalhões ao público. Os Trapalhões – 25 Anos teve direção de Wilton Franco e Maurício Sherman e direção geral de Walter Lacet e Aloysio Legey.
Em março de 1992, foi estreada a A Vila Vintém, que mostrava histórias passadas em uma rua de subúrbio, além da Agência Trapa Tudo. Didi era o vagabundo "Bonga" e acolhia a menina "Tininha" (Alessandra Aguiar), fugida de um orfanato – o primeiro quadro da dupla fez clara referência ao O garoto, de Charles Chaplin; Dedé era o dono de uma oficina; Mussum o mordomo de uma casa rica.
Em 1993 o programa, dirigido agora por José Lavigne, sofreu grandes mudanças: saída da plateia das gravações e quadro. A nova estrutura foi dividida em duas partes: uma de esquetes e outra com história fixa com Didi e atores. A comédia Nos Cafundós do Brejo se passava na Caatinga nordestina e recebia tratamentos de história em quadrinhos.
Mussum faleceu em 29 de julho de 1994 e assim o grupo foi desfeito. Durante alguns anos (entre 1994 e 2000) a Globo exibiu reprises de antigos programas. Em 1995, por um breve período de tempo, as reprises do programa foram transmitidas ao vivo nas tardes de domingo pela Rede Globo por Renato Aragão e Dedé Santana. Os dois posteriormente voltaram a atuar juntos na TV no programa A Turma do Didi.
Em 1983 houve uma crise entre componentes do grupo e Renato Aragão, o que resultou na formação do grupo DeMuZa, que realizou, sem a presença de Renato, o filme Atrapalhando a Suate.
Aragão é frequentemente criticado por não prestar auxílio aos familiares dos seus antigos colegas, que passam necessidades[carece de fontes?]. Em 1998, a família de Mussum, que chegara a passar fome[carece de fontes?], entrou com processo na Justiça contra Aragão pelo direito do artista de dispor sobre a utilização, distribuição e a reprodução de sua obra: os direitos autorais. Em um comunicado oficial, Aragão declara que sua empresa nunca deixou de cumprir com suas obrigações contratuais com Mussum, na forma determinada pela Justiça, em benefício de seus herdeiros.
Com a família do trapalhão Mauro Gonçalves, o Zacarias, que morreu em 1990, a acusação é diretamente contra a Globo. Em um processo movido em 1998, os familiares de Gonçalves reivindicaram uma indenização e o pagamento dos direitos autorais do artista pelas retransmissões do programa Os Trapalhões entre 1995 e 1998[carece de fontes?]. Segundo o processo, no caso de reapresentação do programa, está claro no contrato que o artista teria de receber da Globo 10% do que lhe foi pago pelo mesmo tempo de trabalho, com as devidas correções monetárias. No último cálculo, o montante solicitado pela família à Globo chegava a R$ 120 milhões.
Em 2004, Renato Aragão acena com uma reconciliação com o outro trapalhão sobrevivente, Dedé Santana, durante o programa Criança Esperança. Críticos disseram que a reconciliação foi uma jogada de marketing, num momento em que movimentos homossexuais ameaçaram entrar com processo contra Aragão por difamação e preconceito.
No ano de 2005, Dedé Santana se juntou a Beto Carrero e criou o programa Comando Maluco, exibido pelo SBT e cancelado em 2008, devido à morte de Carrero.
Após várias discussões e debates na Rede Globo, Santana reergueu sua parceria com Aragão no programa de televisão A Turma do Didi, dirigido por Guto Franco. O episódio foi transmitido em 22 de junho de 2008 e contou com a participação dos amigos juntos.
Comenta-se que a Globo resistiu mas sem nunca recusar a possibilidade dos últimos integrantes trabalharem juntos novamente[carece de fontes?]. Para os antigos fãs da série, este acontecimento marca um real acordo entre os dois "trapalhões" remanescentes.
Após os momentos de nostalgia e brincadeiras entre a equipe técnica, que confirma que Didi ficou à vontade ao trabalhar com Dedé, o elenco surpreendeu-os com bolo e festa pela presença do humorista novamente na trupe. Foram quase quinze anos de distância profissional, mas a amizade, dizem eles, continua a mesma. Apesar de toda a alegria do reencontro, nenhuma menção ao extinto Os Trapalhões foi feita. "Reviver o passado é muito duro para nós dois. Não podemos fazer nenhuma referência; foi uma época de ouro, agora é outro trabalho, novos tempos", explica Aragão.
Filmografia: Na Onda do Iê-iê-iê (1966) · A Ilha dos Paqueras (1966) · Adorável Trapalhão (1967) · Dois na Lona (1968) · Bonga, o Vagabundo (1971) · Ali Babá e os Quarenta Ladrões (1972) · Aladim e a Lâmpada Maravilhosa (1973) · Robin Hood, o Trapalhão da Floresta (1973) · O Trapalhão na Ilha do Tesouro (1974) · Simbad, o Marujo Trapalhão (1975) · O Trapalhão no Planalto dos Macacos (1976) · O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão (1977) · Os Trapalhões na Guerra dos Planetas (1978) · O Cinderelo Trapalhão (1979) · O Rei e os Trapalhões (1979) · Os Três Mosqueteiros Trapalhões (1980) · O Incrível Monstro Trapalhão (1980) · O Mundo Mágico dos Trapalhões (1981) · Os Saltimbancos Trapalhões (1981) · Os Vagabundos Trapalhões (1982) · Os Trapalhões na Serra Pelada (1982) · O Cangaceiro Trapalhão (1983) · Atrapalhando a Suate (1983) · O Trapalhão na Arca de Noé (1983) · Os Trapalhões e o Mágico de Oróz (1984) · A Filha dos Trapalhões (1984) · Os Trapalhões no Reino da Fantasia (1985) · Os Trapalhões no Rabo do Cometa (1986) · Os Trapalhões e o Rei do Futebol (1986) · Os Trapalhões no Auto da Compadecida (1987) · Os Fantasmas Trapalhões (1987) · Os Heróis Trapalhões - Uma Aventura na Selva (1988) · O Casamento dos Trapalhões (1988) · A Princesa Xuxa e os Trapalhões (1989) · Os Trapalhões na Terra dos Monstros (1989) · Uma Escola Atrapalhada (1990) · O Mistério de Robin Hood (1990) · Os Trapalhões e a Árvore da Juventude (1991) e outros mais recentes.
sábado, 3 de abril de 2010
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